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Abortamento eugênico

Abortamento eugênico

“Se o povo for conduzido apenas por meio de leis e decretos impessoais e se forem trazidos à ordem apenas por meio de punições, ele apenas procurará evitar a dor das punições, evitando a transgressão por medo da dor. Mas se ele for conduzido pela virtude e trazido à ordem pelo exemplo e pelos ritos em comum, ele terá o sentimento de pertencer a uma coletividade e o sentimento de vergonha quando agir contrário a ela e, assim, bem se comportará de livre e espontânea vontade.”   Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina.” ( Confúcio)

Abortamento eugênico

     Leve-o para casa e dê-lhe amor! Recomendou o especialista do hospital.

Aquela mãe entendeu, sem que o médico precisasse completar o evidente: Enquanto ainda o tem.

     Jonathan não se parecia em nada com os outros dois irmãos. Sob o ralo cabelo castanho-escuro, a testa era demasiado grande e quadrada e os olhos muito separados. A mãe soubera, logo em seguida, que o rosto do novo filho era a menor das preocupações. Jonathan, informara-lhe o pediatra, tinha uma grave forma de doença congênita do coração. Se a doença seguisse seu curso, em breve ele contrairia pneumonia. Se sobrevivesse ao primeiro ataque, outros se seguiriam até seu frágil coração parar.

     Mais tarde, o especialista disse que, provavelmente, Jonathan nunca poderia andar e nem mesmo sentar-se sem ajuda – e tudo indicava que seria mentalmente deficiente.

Por que haveria de acontecer isto a mim? – Perguntou a mãe, mergulhada em autocomiseração. Por que logo Jonathan, que era tão desejado por nós?       O doutor Haydem a interrompeu bruscamente: Que pensa que aconteceria a uma criança como Jonathan se tivesse sido enviada a pais que não a quisessem? Quanto a acontecer isso a você – falou mais delicadamente – creio que talvez o próprio Jonathan lhe dê a melhor resposta.      As sábias e proféticas palavras daquele verdadeiro médico vieram a se comprovar ao longo dos anos. Aquele menino da cara gozada, como era chamado pelas outras crianças, provou que era merecedor de todo o amor que seus pais pudessem lhe dar e que também era capaz de amá-los com a mesma intensidade. Superadas foram todas as expectativas de falência de Jonathan. Ele, amparado pela família, superou as dificuldades e limitações.

     Lutou e sofreu, mas carregou a  sua “cruz” . Quando os colegas lhe perguntavam sobre as grossas cicatrizes cirúrgicas que tinha por todo o corpo, ele respondia bem humorado: São meus zíperes para deixar os médicos entrarem e saírem com mais facilidade.

*   *   *

     A história de Jonathan foi escrita por sua mãe, Florence Kirk, em 1965.

Naquela época, embora os recursos da medicina não estivessem tão avançados quanto hoje, houve um médico que soube honrar seu juramento de lutar pela vida, ainda que todas as evidências fossem favoráveis à morte…        Jonathan, mesmo em estado de feto no útero materno, já trazia as deficiências que expressou ao nascer, mas teve a sua chance de lutar pela vida… Nos dias atuais, a medicina está tão avançada que permite que o feto seja tratado ainda no ventre materno.

Eis aí o grande desafio para os especialistas: Matar, nunca. ( Reader’s Digest, dez/1965.)
 

Editor - G.D. Rueda

Desenvolvedor de sistemas, palhaço, DJ, palhaço hospitalar, administrador do site e integrante do grupo Cata-Vento da Alegria.

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