Estava eu olhando o velho João, entretido em varrer as folhas secas do jardim. A área era grande, e o velho caprichava em não deixar nem uma folha no gramado.
– João, disse eu sorrindo, que maravilha se você pudesse, só a um desejo seu, ver todas estas folhas, de repente, empilhadas num monte!
– E posso mesmo, disse o velho prontamente.
– Se você pode, vamos ver! Desafiei.
– Folhas! Juntem-se todas! disse o velho, numa voz de comando. E lá continuou limpando a relva até que as folhas ficaram juntas num só monte.
– Viu? Disse-me, sorrindo.
– É este o melhor meio de vermos realizados os nossos desejos. Trabalhar, persistentemente, para que aquilo que queremos seja feito.
O incidente calou-me no espírito. Mais tarde, ao estudar a biografia dos cientistas, dos reformadores e de todos aqueles cujas obras nos parecem, por vezes, milagres deveras sobrehumanos, descobrí que adotavam geralmente o sistema do velho jardineiro.
Todas as suas realizações resultaram do fato de que estes homens, desejando fortemente chegar a certo objetivo, – nunca cessaram de lutar por alcançá-lo.